Connect with us


Política Nacional

CSP adia decisão sobre denúncias contra Moraes após parecer da Advocacia do Senado

Publicado em

Após receber parecer da Advocacia do Senado que aponta limites para o uso de documentos sob sigilo, o presidente da Comissão de Segurança Pública (CSP), senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), decidiu nesta terça-feira (9) adiar para a próxima reunião do colegiado a deliberação sobre o encaminhamento das denúncias contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

As denúncias foram feitas por Eduardo Tagliaferro, ex-assessor de Alexandres de Moraes, durante audiência pública na semana passada. Tagliaferro apresentou materiais que, segundo ele, indicariam o uso indevido da estrutura do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O depoente foi chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE quando Moraes era presidente do órgão.

Flávio Bolsonaro havia anunciado, na reunião da semana passada, que todas as informações apresentadas por Tagliaferro seriam apresentadas às defesas dos réus no julgamento dos atos de 8 de janeiro de 2023.

O senador também havia informado que iria encaminhar o relatório com as denúncias ao presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, para que ele avaliasse a possibilidade de suspensão do julgamento sobre os atos de 8 de janeiro. Além disso, Flávio Bolsonaro tinha dito que as cópias do relatório também seriam enviadas ao TSE, ao Conselho Nacional de Justiça, ao Conselho Nacional do Ministério Público, à Ordem dos Advogados do Brasil e ao governo dos Estados Unidos. 

No entanto, como os advogados do Senado recomendaram cautela devido à quebra de sigilo de inquéritos do STF e indicaram alternativas regimentais, como arquivamento, reuniões secretas ou envio às autoridades competentes, o presidente da CSP decidiu conceder mais tempo para que os senadores tenham acesso à integra desse parecer.

O parecer da Advocacia do Senado concluiu que não é possível atender plenamente à consulta da CSP sobre o assunto. Os advogados destacam, por exemplo, que parte dos documentos recebidos pela comissão integram inquéritos em andamento no STF, três deles em segredo de justiça, e, portanto, não podem ter a confidencialidade quebrada pelo Senado.

“É possível afirmar que a documentação apresentada pelo senhor Eduardo Tagliaferro, em parte de natureza sigilosa e vinculada a investigações em curso, deve ser tratada com a máxima cautela, nos estritos termos do Regimento Interno do Senado Federal, da legislação processual e da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal”, ressalta o parecer.

A orientação foi de que a comissão trate o material com máxima cautela, podendo: arquivá-lo; mantê-lo sob sigilo com eventual reunião secreta; encaminhá-lo às autoridades competentes; ou comunicar entidades interessadas sem envio direto da documentação.

O parecer reforça ainda que a decisão final cabe à comissão, mas enfatiza que qualquer medida deve resguardar o sigilo e observar as normas regimentais e legais.

Leia mais:  Senado vai examinar projeto que aumenta pena para receptação de celular

— A preocupação da Advocacia do Senado, em um primeiro momento, é evitar que algum senador possa ser arrastado para dentro dessa investigação por Alexandre de Moraes, por estar, de alguma forma, colaborando com a disponibilização de conteúdos que são sigilosos. E parte do que Eduardo Tagliaferro trouxe são documentos sigilosos. Neste mundo em que vivemos hoje alguém não concorda com a alta possibilidade de que isso aconteça? — disse Flávio Bolsonaro. 

Precedente

Conforme observou o presidente da CSP, o parecer lembra que já houve decisões anteriores em casos semelhantes que envolviam denúncias. O parecer cita especificamente a Operação Spoofing, quando o STF definiu regras sobre as “mensagens hackeadas” na operação Lava Jato, impondo limites de acesso a esse conteúdo.

Para o senador, o acesso ao material apresentado por Tagliaferro e o seu uso devem seguir as regras que já haviam sido firmadas pelo STF nos casos anteriores.

— Eu me recuso agora a acreditar que, só porque o [Jair] Bolsonaro seria beneficiado, o procedimento não será exatamente o mesmo. Então vamos conversar entre nós [da CSP] para que na próxima semana tomemos a decisão em conjunto (…) sobre qual o melhor encaminhamento a ser dado em relação ao que foi trazido pelo Eduardo Tagliaferro — afirmou Flávio Bolsonaro.

Relatório posterior

O senador também citou um outro laudo pericial que, segundo ele, confirma que o relatório apresentado como fundamento para a operação de busca e apreensão contra empresários bolsonaristas, em 23 agosto de 2022, foi produzido dias depois de a ação ter sido executada.

Segundo o laudo mencionado por Flávio Bolsonaro, o relatório aparece com a data de 19 de agosto de 2022, mas seus metadados indicam que o respectivo arquivo PDF só teria sido gerado em 29 de agosto de 2022 — seis dias após a Polícia Federal cumprir os mandados expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes.

Em entrevista à imprensa logo após a reunião da CSP, o senador anunciou que irá encaminhar esse laudo ao STF com o objetivo de interromper o julgamento sobre os atos de 8 de janeiro de 2023.

— Nós vamos oficiar todos os ministros do Supremo Tribunal Federal para que tomem ciência dessa grave denúncia de uma fraude processual feita por um membro do Supremo, solicitando que seja aberta uma investigação e que seja suspenso esse julgamento que está em andamento até que essa investigação seja concluída, pelo bem da democracia.

CPI da Vaza Toga

O senador Esperidião Amin (PP-SC) sugeriu que o material apresentado por Tagliaferro e o laudo citado por Flávio Bolsonaro (sobre a operação de busca e apreensão contra empresários bolsonaristas) sejam acolhidos pela CPI da Vaza Toga, que ainda não foi criada.

Leia mais:  Câmara aprova prioridade para inquéritos e processos relacionados a crimes contra a vida de crianças

Esperidião Amin defendeu a leitura do requerimento para criação e instalação dessa CPI. Ele informou que o requerimento já possui 29 assinaturas. 

— Que nós façamos um esforço junto ao presidente do Senado para que ele cumpra o regimento. Nós temos 29 assinaturas. O assunto é candente e é internacional. Portanto, vamos exigir a instalação dessa CPI, que já teve um capítulo inaugural: a audiência da semana passada [com Tagliaferro].

Ele lembrou que há um pedido de extradição de Tagliaferro feito pelo ministro Alexandre de Moraes. Para Esperidião Amin, a comissão precisa atuar para proteger o ex-assessor de Moraes e garantir que suas denúncias sejam consideradas pelo Ministério Público.

— Nós temos que dar um jeito legal de favorecer uma delação premiada ao senhor Tagliaferro — acrescentou.

Ao concordar com Esperidião Amin, o senador Jorge Seif (PL-SC) declarou que as denúncias de Tagliaferro não podem ser ignoradas pelo Parlamento. Para Seif, os documentos revelam uma “força paralela e criminosa operando às margens da legalidade”, usando sistemas próprios do TSE para ações que não estão entre suas finalidades. Ele afirmou que essa “força paralela” foi usada para perseguir inimigos políticos e “fabricar processos”. Por isso, argumentou o senador, a CPI da Vaza Toga será essencial para aprofundar essa investigação, identificar os culpados e responsabilizá-los.

— Este parlamento precisa reagir. Já não é uma questão de direita ou de esquerda, de Lula ou de Bolsonaro. Estamos falando de vilipendiar, desrespeitar, rasgar e ignorar a Constituição Federal — declarou Seif.

Itália

Já o senador Magno Malta (PL-ES) informou que fará parte do grupo de senadores que irá à Itália, no próximo dia 16, para se reunir com lideranças políticas daquele país com o objetivo de tratar da proteção a Eduardo Tagliaferro.  

— Trazer Tagliaferro para cá é jogar ele aos bichos — disse Malta. 

Tagliaferro foi exonerado do TSE em 2024, quando conversas suas com Moraes foram publicadas pela imprensa. O ex-assessor pediu ao STF o afastamento de Moraes de inquéritos que envolvem Bolsonaro e foi para a Itália, onde ainda está — ele participou da audiência na CSP, na semana passada, de forma remota.

Tagliaferro foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que considerou que o ex-assessor agiu para prejudicar o processo eleitoral e as investigações de atos antidemocráticos. Ele é acusado dos crimes de violação de sigilo funcional, coação no curso do processo e obstrução de investigação penal. No último dia 25, o Ministério das Relações Exteriores pediu a extradição de Tagliaferro ao governo italiano.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado

Comentários Facebook

Política Nacional

Senado aprova MP do setor elétrico com abertura do mercado livre de energia

Published

on

O Senado aprovou nesta quinta-feira (30) a medida provisória que estabelece novas regras para o setor elétrico. Editada para conter o aumento nas tarifas de energia devido a subsídios e à contratação obrigatória de usinas termelétricas, a MP 1.304/2025 passou a tratar de vários outros pontos, entre eles a abertura do mercado livre de energia para todos os consumidores. O texto, aprovado na forma de um projeto de lei de conversão, segue para a sanção.

A medida foi aprovada nesta quinta-feira pela comissão mista e logo depois pelo Plenário da Câmara dos Deputados com duas mudanças. O prazo para a aprovação iria até 7 de novembro, mas a decisão foi de pautar a votação no Senado em seguida. O texto foi aprovado pelos senadores em votação simbólica, sem mudanças com relação à versão da Câmara.

— A discussão foi longa na comissão, foram discutidos todos os aspectos. Fizemos aquilo que foi possível no regime de democracia e num regime de correlação de forças: modernização, reestruturação no setor, com compromisso de levar uma energia mais barata para o consumidor, reduzir a conta da CDE [Conta de Desenvolvimento Energético], fazer o reequilíbrio do sistema e enfrentar as discussões estratégicas do setor — disse o relator em entrevista coletiva após a votação no Senado.

Após a aprovação do texto, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, destacou o trabalho de Braga e do presidente da comissão mista, deputado Fernando Coelho Filho (União-PE), que acompanhou a votação no Plenário do Senado.

— Muito mais do que um agradecimento, é reconhecer a capacidade e o trabalho na construção deste texto, votado e aprovado hoje na comissão mista, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Meus parabéns pela capacidade de articulação e pelo conhecimento de uma das matérias mais complexas que nós temos no nosso país, que é o setor elétrico brasileiro — disse Davi.

Mercado livre de energia

Uma das principais alterações feitas no Congresso com relação ao texto original foi a inclusão da abertura do mercado livre de energia (ambiente de contratação livre – ACL) para consumidores residenciais e comerciais. Isso significa que os consumidores poderão escolher os seus fornecedores de energia elétrica.

A implantação seguirá um cronograma definido pelo projeto: após dois anos da entrada em vigor da lei no caso de indústria e comércio e em três anos para os consumidores residenciais.

Antes disso, devem ser adotadas medidas para conscientizar os consumidores sobre a opção de migração para o ACL e também para regulamentar o Suprimento de Última Instância (SUI), que garantirá o fornecimento de energia a consumidores que passem por situações emergenciais, como a falência ou inadimplência do fornecedor. 

Subsídios

Entre as preocupações do governo ao editar a medida estava o orçamento da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), fundo setorial que subsidia políticas públicas no setor elétrico, como a Tarifa Social de Energia Elétrica e o programa Luz para Todos.  Com os subsídios para o setor, a CDE se aproxima de R$ 50 bilhões em 2025, impactando a tarifa final.

Leia mais:  Relator da Previdência pode fazer ajustes em texto, diz presidente da comissão

De acordo com o relator, o orçamento da CDE para 2025 aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) é de R$ 49,2 bilhões, um aumento de 32,45% em relação a 2024. A CDE é custeada principalmente pelas quotas anuais pagas pelos consumidores, o que faz com que qualquer nova despesa se transforme em majoração de tarifa.

O objetivo da MP era limitar o valor total dos recursos arrecadados para a CDE por meio de quotas (pagas pelos usuários) ao valor nominal total das despesas definido no orçamento da CDE para o ano de 2026. O texto proposto por Eduardo Braga estabelece um limite para o valor total da CDE, com atualização pela inflação a partir de 2027.

Petrobras

Entre os pontos polêmicos do texto está a regra de que a apuração dos royalties do petróleo vai ser baseada em média de cotações divulgadas por “agências de informação de preços reconhecidas internacionalmente”. Caso essa informação não exista, o texto determina que será usada uma metolodogia já estabelecida em legislação ou estabelecida por decreto presidencial.

Atualmente, o preço de referência é calculado mensalmente pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), com base nas médias mensais das cotações do petróleo de referência e de derivado. A esses valores médios, incorpora-se um diferencial de qualidade.

A mudança, apesar de aumentar a arrecadação imediata, pode aumentar os custos de produção de novos projetos. Na Câmara, o governo tentou, sem sucesso, retirar essa parte do texto, que acabou sendo mantido. Em Plenário, o senador Izalci Lucas (PL-DF) disse ser a favor de que o governo vete o trecho.

— Estava conversando com o líder do governo [no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP)], que na realidade esse assunto é tão importante, é tão relevante, que há uma proposta do governo de vetar essa matéria o que eu acho justo e realmente importante. Espero que o governo então faça esse veto, que é tão importante para a Petrobras e para o Brasil — disse o senador.

Pequenas Centrais

O acordo que permitiu a aprovação do relatório na comissão incluiu ajustes sobre o uso de índices de correção para contratos e investimentos em pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), conforme proposta do deputado Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL). 

Foi mantida a contratação pelo poder concedente de até 4.900 megawatts (MW) de centrais hidrelétricas de até 50 MW em leilão de reserva de capacidade, feito para garantir a segurança do sistema elétrico, mas houve alteração no critério de atualização do preço máximo, que será feita pelo Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) para os investimentos e pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para os contratos.  

Leia mais:  Especialistas condenam a chamada pejotização do trabalho

Na comissão, também houve acordo para retirar do texto a contratação compulsória de usinas térmicas a gás natural. Com isso, o tema deve ser tratado na apreciação do veto do governo para as térmicas a gás na Lei das Eólicas Offshore.

Aporte

Pelo texto aprovado, 100% da receita das outorgas de concessão de hidrelétricas será destinada à CDE nos próximos sete anos, com o aporte superior a R$ 15 bilhões no fundo setorial. O valor deverá compensar parte dos subsídios e contribuir para conter a alta nas tarifas de energia. 

Também foi aprovada a previsão de isenção fiscal para sistemas de armazenamento de energia (BESS, na sigla em inglês), que poderão se beneficiar de isenção de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), PIS/Cofins e redução de imposto de importação. A medida busca incentivar novas tecnologias e reduzir o desperdício de energia no Sistema Interligado Nacional (SIN). 

Geração distribuída

Vários destaques foram rejeitados pela Câmara, mas um deles acabou sendo aprovado pelos deputados. Com isso, ficou de fora do texto a cobrança de R$ 20 por 100 quilowatts-hora (kWh) sobre novos projetos de geração distribuída de energia. Essa modalidade engloba pequenos sistemas, geralmente da fonte solar, instalados em telhados, fachadas e terrenos.

A cobrança havia sido instituída pelo relator para desacelerar o crescimento do mercado de geração distribuída no Brasil. O argumento era de que a proliferação de milhões de sistemas de geração não controláveis pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) tem levado a riscos no suprimento de energia e apagões.

Outra mudança feita na Câmara foi a aprovação de uma emenda que assegura o ressarcimento pelo curtailment de energia eólica e solar. Curtailment é o corte ou limitação da produção de energia, especialmente de fontes renováveis como a eólica e a solar.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) aplica essa restrição quando a oferta excede a demanda, a rede de transmissão está congestionada ou para garantir a estabilidade do sistema. No caso da energia renovável, o desperdício é irreversível, pois não é possível armazenar o vento ou o sol para uso posterior, ao contrário do que acontece com usinas termelétricas ou hidrelétricas. 

Para Braga, a mudança aprovada na Câmara onera o sistema.

— Na democracia cada um defende seu ponto de vista. Eu creio que a emenda aglutinativa aprovada na Câmara provocou ônus desnecessário ao sistema porque esses investidores que provocaram esse curtailment fizeram de forma consciente, então o risco deveria ser exclusivamente deles. Mas não foi essa a decisão da Câmara, e eu respeito a decisão”, disse o relator em entrevista coletiva após a aprovação do texto no Senado.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

Fonte: Agência Senado

Comentários Facebook
Continuar lendo

Mais Lidas da Semana

Copyright © 2019 - Agência InfocoWeb - 66 9.99774262