Connect with us


Paraná

Podcast que conta a história do ‘Caso Evandro’ bate 4 milhões de downloads e vai virar série

Publicado em

Por Pedro Brodbeck, G1 PR

“Este programa descreve cenas fortes e não é recomendável para pessoas sensíveis”. O alerta que abre todos os episódios do podcast “Projeto Humanos” resume bem o caso escolhido para o programa, que conta a história do desaparecimento do menino Evandro Ramos Caetano, no início dos anos 90 em Guaratuba, no litoral do Paraná, e que fez do podcast um dos mais ouvidos do país.

O sucesso do programa que conta a história do “Caso Evandro” vai além dos 4 milhões de downloads. A história vai virar livro e série de TV.

“É um fenômeno. É claro que eu almejava que fizesse sucesso, mas eu nunca imaginei que seria assim”, afirmou o criador do podcast, Ivan Mizanzuk.

O caso, que também é conhecido como “As Bruxas de Guaratuba”, aconteceu em 1992, quando o menino Evandro, de 7 anos, desapareceu no trajeto entre a casa e a escola.

Dias depois um corpo foi encontrado em um matagal sem alguns órgãos, e com pés e mãos cortadas. Para a Polícia Militar, a criança foi morta em um ritual religioso encomendado por Celina e Beatriz Abagge, esposa e filha do então prefeito da cidade, e mais três pais de santo. Os cinco chegaram a confessar o crime, mas depois alegaram que tinham sido torturados pela polícia para admitir o ritual.

O caso se arrastou por mais de 20 anos, com cinco julgamentos diferentes. Um dos tribunais do júri, realizado em 1998, foi o mais longo da história do judiciário brasileiro, com 34 dias.

Na época, as rés foram inocentadas porque não houve a comprovação de que o corpo encontrado era do menino Evandro.

O Ministério Público recorreu e um novo júri foi realizado em 2011. Beatriz, a filha, foi condenada a 21 anos de prisão. A mãe não foi julgada porque, como ela tinha mais de 70 anos, o crime já tinha prescrito.

“Você termina o primeiro episódio com uma convicção, no segundo você tem outra e assim por diante. O que eu tento é construir a experiência do ouvinte como se ele fosse um dos jurados”, afirmou.

Mais de 20 mil páginas

“O caso foi muito contado pelos jornais da época, ficou muito conhecido, mas até o momento ninguém tinha levantado todos os detalhes, abordado as contradições e as camadas políticas do crime”, disse Mizanzuk.

A pesquisa para o podcast começou em 2015. “Eu ouvia muitos programas estrangeiros, já tinha o projeto de podcast em formato storytelling, mas queria contar um grande caso criminal”, afirmou.

Leia mais:  Público tem até domingo para visitar a mostra "Afinidades II - Elas!", no MON

A história, que já era famosa no Paraná, chamou a atenção de Ivan, que começou a pesquisa falando com jornalistas que cobriram o caso na época. Depois, no final de 2016, conseguiu acesso aos autos do processo na Justiça.

Ao todo, eram 60 volumes e mais de 20 mil páginas, e o juiz responsável pelo caso autorizou que ele levasse os documentos por dez dias para casa.

“Ali me dei conta que não ia ter como fazer tudo isso sozinho. Pedi então ajuda aos ouvintes do meu outro podcast para um trabalho voluntário”, disse.

Cerca de 40 pessoas ajudaram Ivan no processo de leitura dos autos, transcrição dos áudios e fitas de vídeo, e catálogo das informações.

“Eu lembro de uma vez que eu precisava passar uma informação em um episódio, que ia durar dez segundos a fala, e eu fiquei dois dias procurando nos processos. Foram dez segundos de episódio que me custaram dois dias para fazer”, relembrou.

Até o lançamento do podcast, no dia 31 de outubro de 2018, ele também entrevistou advogados, parentes da criança, testemunhas e acusados.

“Eu procurei muita gente, mas nem todos quiseram participar. Muita gente disse que não queria relembrar o que aconteceu”, disse Ivan.

A previsão dele é que a temporada acabe em cerca de 30 episódios – 23 já foram ao ar – apesar da ideia original de contar a história em até 10 episódios.

“Muita gente reclama que sou muito detalhista, que eu não corto mais coisas, mas eu edito muito material. Se fosse colocar tudo, teria uns 100 episódios”, explicou.

Série de TV

De acordo com o diretor Aly Muritiba, escolhido para transformar a história em uma série de documentários na TV, sintetizar a história sem perder detalhes importantes da apuração será um dos maiores desafios da adaptação.

“Acho que o Ivan faz muito bem esse trabalho de investigação, ele faz muito bem esse trabalho de lidar com as minúcias e isso a gente não pode perder de jeito nenhum. De todo modo eu tenho uma grande vantagem, eu tenho imagem. Posso narrar com tudo isso”, contou Muritiba.

A previsão é que a série tenha oito episódios. Segundo o diretor, o trabalho de filmagem e montagem deve durar cerca de um ano.

Leia mais:  Com leilão de nova área, Porto de Paranaguá receberá R$ 910 milhões em investimentos

Segundo Ivan Mizanzuk, os direitos autorais foram vendidos à produtora responsável antes mesmo do primeiro episódio ir ao ar. “Eu já estava anunciando no meu outro podcast que ia começar a contar o caso, me procuraram e já negociamos a série antes dela ser publicada. Agora, depois que foi lançada, todo dia uma nova produtora me procura”, contou.

De acordo com a acusação, criança foi morta em um ritual religioso. Acusados afirmam que foram torturados para confessar o crime. — Foto: Reprodução/RPC

De acordo com a acusação, criança foi morta em um ritual religioso. Acusados afirmam que foram torturados para confessar o crime. — Foto: Reprodução/RPC

De acordo com o diretor Aly Muritiba, o gênero das séries documentais de crimes tem se popularizado no Brasil. “No fim das contas, as pessoas estão interessadas em boas histórias, e existem casos criminais que são histórias inacreditáveis, que muitas vezes a ficção não dá conta de contar certas coisas absurdas”, disse o diretor.

Mizanzuk afirmou que já existem tratativas sobre qual plataforma vai transmitir o seriado, mas que as negociações, por enquanto, não podem ser reveladas.

Novo patamar

O sucesso do programa transformou Ivan Mizanzuk em uma celebridade da internet. “Eu faço podcast desde 2011. Comecei com um projeto de design, o Anticast, que depois de junho de 2013 passou a abordar política. Paralelamente, toquei o Projeto Humanos, para contar histórias como essa”, afirmou.

Nas temporadas anteriores ao “Caso Evandro”, o “Projeto Humanos” tinha uma média, segundo o criador, de 100 mil downloads por mês. Em oito meses contando a história das “Bruxas de Guaratuba”, a audiência se multiplicou por cinco.

Nos programas, Ivan diz que o seu objetivo é poder viver apenas fazendo podcasts. O plano está parcialmente cumprido: professor universitário, ele largou o emprego em uma das universidades onde dava aula para se dedicar à produção dos programas.

Os ouvintes colaboram com doações mensais para que os custos de produção dos programas sejam cobertos. Atualmente, os podcasts recebem mais de R$ 9 mil de mais de 1 mil doadores.

“Eu dou cursos de storytelling e depois do sucesso do Caso Evandro minhas turmas passaram a ficar lotadas”, comemorou Mizanzuk.

Próxima temporada

Ainda que o podcast que conta a história do Caso Evandro ainda não tenha acabado, Ivan afirmou que já está estudando novos casos para a próxima temporada do projeto.

Com o sucesso, o objetivo é fazer um trabalho de produção mais profissional, com ajuda de uma equipe contratada para a produção. “Não sei se isso vai pra frente, como vai ser, mas tem conversas acontecendo”, afirmou.

Comentários Facebook

Paraná

Governador Ratinho Junior sanciona lei que prevê auxílio para famílias de Rio Bonito do Iguaçu

Published

on

O governador Carlos Massa Ratinho Junior sancionou na noite deste domingo (9) a lei ( 22.766/2025 ) que altera o Fundo Estadual para Calamidades Públicas (Fecap) e agora prevê auxílio mais célere às famílias das cidades atingidas pelo tornado de sexta-feira (7). A Assembleia Legislativa aprovou o texto de maneira unânime em duas sessões extraordinárias neste domingo (9) em um esforço coordenado para auxiliar as vítimas.

Até então a lei permitia apenas repasse fundo a fundo com municípios e a mudança vai permitir o repasse direto de recursos financeiros às famílias que tiveram as casas destruídas, especialmente no município de Rio Bonito do Iguaçu. Os critérios serão estabelecidos por decreto, mas a ideia é liberar até R$ 50 mil por família. O investimento inicial deve ser de R$ 50 milhões.

“O objetivo era ser rápido e concluímos essa etapa com apoio fundamental dos nossos deputados estaduais. Esse esforço coletivo mostra que a união ajudará a reconstruir Rio Bonito do Iguaçu e outras localidades atingidas pelo tornado e os temporais dos últimos dias”, afirmou Ratinho Junior.

Leia mais:  Jogos de Aventura e Natureza acontecem neste final de semana no Noroeste do Paraná

O Estado já iniciou o planejamento para a reconstrução de casas, da sede da Apae e das escolas de Rio Bonito do Iguaçu, na região Centro-Sul. A reconstrução vai iniciar assim que as equipes de engenharia finalizarem os diagnóstico técnico e estrutural das residências. Cerca de 200 engenheiros da Cohapar e do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (CREA/PR) iniciaram já neste domingo a avaliação dos prejuízos e também da condição estrutural das construções. 

Em paralelo, a Cohapar também está elaborando um programa para a construção de novas casas na cidade, que teve 90% de sua estrutura comprometida, incluindo residências, comércio e prédios públicos. 

O Governo do Estado do Paraná também está mobilizando um grande aparato de maquinários e equipes para o trabalho de limpeza e remoção de entulhos em Rio Bonito do Iguaçu. Desde a madrugada de sábado (8), mais de trinta equipamentos, entre escavadeiras, pás-carregadeiras, caminhões, pantaneiras e tratores, estão sendo utilizados para desobstruir vias, remover destroços e reorganizar os espaços públicos. Os maquinários foram cedidos pela Prefeitura de Rio Bonito do Iguaçu, por municípios vizinhos e também por órgãos do Governo do Estado, como o DER-PR e a Defesa Civil Estadual.

Leia mais:  Após MPPR apontar possíveis irregularidades ambientais e de segurança no local do evento, Município de Tupãssi recusa alvará para realização de rodeio

CALAMIDADE – A Assembleia Legislativa também homologou o decreto estadual reconhecendo a situação de calamidade pública em Rio Bonito do Iguaçu, o que vai agilizar a reconstrução das moradias e garantir apoio imediato à população afetada.

Fonte: Governo PR

Comentários Facebook
Continuar lendo

Mais Lidas da Semana

Copyright © 2019 - Agência InfocoWeb - 66 9.99774262