Economia
Estimativa de consumo cai em Curitiba, mas sobe no interior do Paraná

Não será em 2019 que os curitibanos voltarão a consumir como nos anos de pujança econômica. Ao menos é isso o que revela um estudo do IPC Maps, especializado em pesquisa de potencial de consumo. Dados obtidos com exclusividade pelo Bem Paraná revelam que ao longo deste ano os consumidores da Capital gastarão R$ 62,44 bilhões com alimentação, higiene, saúde, lazer e outros itens. Em 2018, esse gasto havia sido de R$ 63,14 bilhões — o que aponta, portanto, para uma redução de R$ 700 milhões.
Dentre os 22 itens pesquisados, 16 devem registrar queda quanto ao montante gasto pelos consumidores de Curitiba. As retrações mais significativas atingem itens como ‘ou despesas com saúde (exclusos gastos com medicamentos, higiene e cuidados pessoais), com queda de 6,01%; materiais de construção (-3,32%); alimentação fora do domicílio (-2,92%); gastos com veículo próprio (-2,78%) e despesas com recreação e cultura (-2,22%).
Por outro lado, o curitibano deverá despender mais dinheiro com fumo (+5,47%, contrastando com o menor gasto em saúde), transportes urbanos (+2,89%), artigos de limpeza (+2,25%), alimentação no domicílio (+1,80%), eletrodomésticos (+1,55%) e gastos com medicamentos (+0,38%).
Outro dado trazido pelo estudo diz respeito à desigualdade econômica. Em Curitiba, enquanto um domicílio de classe A (são 37.693 na cidade, o equivalente a 5,4% do total) gasta, em média, R$ 295.743 por ano, domicílios de classe D e E (115.089, ou 16,5% do total) gastam cerca de R$ 25.461. Ou seja, uma família de classe A consome quase 12 vezes mais que uma família de classe D ou E.
Puxado pelo interior, Paraná deve ter alta
Na contramão da Capital, o Paraná deve registrar crescimento de 3,35% nos gastos com consumo em 2019. O valor a ser investido pelos paranaenses neste ano é de R$ 298,14 bilhões, enquanto no ano anterior o montante foi de R$ 288,49 bilhões. Considerando-se o meio urbano, a estimativa é de um gasto de R$ 27.332,11 per capita, ante R$ 26.712,76 em 2018 (crescimento de 2,32%). Já no meio rural, o gasto per capita será de R$ 17.686,20, crescimento de 10,34% na comparação com o ano anterior (R$ 16.028,70). Por fim, chegamos à informação de que em 2018 os curitibanos respondiam por 23,86% do total investido em consumo no Paraná, porcentual que deve cair para 22,97% em 2019. Por outro lado, a economia interiorana mostra força, aumentando sua participação no consumo total do estado de 76,14% para 77,03%. Considerando-se as projeções populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), temos que em 2018 os curitibanos gastaram, em média, R$ 32.846,13 per capita. Em 2019, o gasto será de R$ 32.272,53, uma redução de 1,75%.
Consumo em Curitiba
Itens com maior alta
Fumo
Gasto em 2019: R$ 249.183.352,00
Gasto em 2018: R$ 236.250.742,00
Variação: +5,47%
Transportes urbanos
Gasto em 2019: R$ 969.067.362,00
Gasto em 2018: R$ 941.816.947,00
Variação: +2,89%
Artigos de limpeza
Gasto em 2019: R$ 420.823.583,00
Gasto em 2018: R$ 411.557.385,00
Variação: + 2,25%
Itens com maior queda
Outras despesas com saúde
Gasto em 2019: R$ 1.684.550.708,00
Gasto em 2018: R$ 1.792.215.349,00
Variação: -6,01%
Materiais de construção
Gasto em 2019: R$ 5.062.569.206,00
Gasto em 2018: R$ 5.236.231.633,00
Variação: -3,32%
Alimentação fora do domicílio
Gasto em 2019: R$ 2.517.535.902,00
Gasto em 2018: R$ 2.593.324.418,0
Variação: -2,92%

Economia
CCR arremata Lote três e investirá R$ 16 bilhões

Com desconto de 26,6% em relação ao valor da tarifa de referência estipulada em edital (R$ 0,14596), a CCR S.A foi a vencedora do leilão do Lote 3 do novo pacote de concessões rodoviárias do Paraná, realizado na sede da B3, a Bolsa de Valores do Brasil, em São Paulo. Ele conecta a segunda cidade mais populosa do Estado, Londrina, com Curitiba e o Porto de Paranaguá. Com a proposta, os descontos em relação às antigas tarifas praticadas no trecho, se estivessem vigentes, podem ser de mais de 50%.
“Hoje damos mais um passo em direção à modernização das nossas rodovias, com muitas obras a um preço justo, em uma grande e transparente disputa na B3. Sem demagogia, sem falsas promessas, estamos tirando do papel o maior pacote de infraestrutura rodoviária da América Latina, o que vai dar mais segurança e agilidade às estradas do Estado”, afirmou Carlos Massa Ratinho Junior (PSD).
O leilão que definiu a vencedora foi disputado por quatro empresas interessadas. Além da CCR, participaram também os consórcios InfraBR V, Infraestrutura PR e Paraná 41 Oportunity.
Durante o leilão, as proponentes apresentaram envelopes com propostas com descontos que variavam de início entre 16,42% e 24,08% em relação à tarifa básica de pedágio. Como a diferença entre as melhores propostas foi menor do que 5%, o certame foi decidido em lances a viva-voz por três das empresas que ofereceram os maiores descontos. A disputa durou mais de 20 minutos, com 22 lances que aumentaram o desconto ofertado em 1,8% até a oferta vencedora da CCR.
O Lote 3 faz parte da Malha Norte, que abrange 22 cidades e faz a ligação do Norte do Estado com o eixo rodoviário da BR-277, chegando até o Porto de Paranaguá. São 569 quilômetros envolvendo as rodovias federais BR-369, BR-373 e BR-376, e as estaduais PR-170, PR-323, PR-445 e PR-090. A previsão é que a concessionária vencedora do leilão invista R$ 9,8 bilhões em obras, além de R$ 6 bilhões em serviços operacionais.
As rodovias atendidas nesse trecho atravessam as cidades de Sertaneja, Sertanópolis, Londrina, Cambé, Ibiporã, Tamarana, Mauá da Serra, Marilândia do Sul, Califórnia, Apucarana, Arapongas, Cambira, Jandaia do Sul, Mandaguari, Ortigueira, Imbaú, Faxinal, Tibagi, Ipiranga, Ponta Grossa, Palmeira e Balsa Nova. A previsão da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) é gerar 143 mil empregos, entre diretos, indiretos e efeito renda.
PRINCIPAIS INTERVENÇÕES — Estão previstos 132 quilômetros de duplicações e 24,6 quilômetros de faixas adicionais. Entre as novidades está o Contorno de Apucarana, no Vale do Ivaí, ligando a BR-369 à BR-376 e com 13,8 quilômetros de extensão. A região também deve ganhar o Contorno de Califórnia, com pouco mais de cinco quilômetros, ligando dois trechos da BR-376.
O Lote 3 também vai concluir a duplicação da Rodovia do Café (BR-376), entre Mauá da Serra e Ponta Grossa. Serão duplicados 52,58 quilômetros da BR-376, divididos em quatro segmentos, passando por Mauá da Serra, Ortigueira e as proximidades de Imbaú.
Dentro das obras previstas neste lote também está a duplicação da PR-445 e da PR-323 entre Cambé, na região Norte, até a divisa com São Paulo. Outra obra importante prevista no contrato é a área de escape na Serra do Cadeado, em Mauá da Serra, que deve ser construída na altura do km 305 da BR-376.
Os contratos preveem que as principais intervenções sejam executadas nos primeiros anos dos 30 de vigência da concessão. A empresa contratada também deverá arcar com os custos operacionais durante o período, o que inclui serviços médico e mecânico, pontos de parada de descanso para caminhoneiros e sistema de balanças de pesagem.
Serão sete praças de pedágio (cinco existentes e duas novas), localizadas em Sertaneja, Mauá da Serra, Ortigueira, Imbaú, Tibagi, Londrina e na Colônia Witmarsum.
NOVIDADES – Segundo a ANTT, os projetos incluem a instalação de câmeras com tecnologia OCR para reconhecimento de placas, detecção automática de incidentes, painéis de mensagem variável, sistema de pesagem automático e monitoramento meteorológico. A conectividade será garantida em toda a concessão.
Esses contratos também permitirão a migração do sistema de cobrança convencional (praça de pedágio) para o sistema eletrônico de livre passagem (Free Flow), a pedido do Governo.
MODELO — A concessão da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) seguiu as mesmas regras dos Lotes 1 e 2, leiloados em 2023 e em operação desde o início deste ano. Os principais pontos defendidos pelo Governo do Paraná e o setor produtivo do Estado desde o início da tramitação do processo eram de aliar preço justo e disputa pela menor tarifa, garantia de obras e ampla concorrência.
A elaboração do programa de concessões foi objeto de um amplo estudo técnico que envolveu a realização de diversas consultas públicas e milhares de colaborações de usuários, batendo o recorde de um processo deste tipo pela ANTT.
OUTROS LEILÕES — Com o fim da concessão do antigo Anel de Integração em 2021, o Governo, em parceria com a ANTT, governo federal e sociedade civil, trabalharam em um modelo inédito no País, unindo rodovias federais e estaduais em um mesmo programa, dividido em seis lotes.
O leilão do Lote 1 aconteceu em agosto de 2023, tendo como vencedor o Grupo Pátria, que deverá investir R$ 7,9 bilhões em obras de melhorias e manutenção em trechos das rodovias BR-277, BR-373, BR-376, BR-476, PR-418, PR-423 e PR-427.
Já o leilão do Lote 2 aconteceu um mês depois, em setembro, vencido pelo Grupo EPR, com investimentos previstos de R$ 10,8 bilhões em obras nas rodovias BR-153, BR-277, BR-369, PR-092, PR-151, PR-239, PR-407, PR-408, PR-411, PR-508, PR-804 e PR-855.
O leilão do Lote 6 acontece na próxima semana, no dia 19 de dezembro, também na B3. São 662 quilômetros das rodovias BR-163, BR-277, PR-158, PR-180, PR-182, PR-280 e PR-483, com investimento de R$ 20 bilhões. Os Lotes 4 e 5 serão leiloadas em 2025.
No total, serão 3,3 mil quilômetros de estradas concedidas à iniciativa privada, sendo 1,1 mil quilômetros destas de rodovias estaduais. Os investimentos devem ultrapassar R$ 60 bilhões durante as três décadas de contrato.
PRESENÇAS — Também participaram do leilão o vice-governador Darci Piana; os secretários estaduais de Infraestrutura e Logística, Sandro Alex; da Fazenda, Norberto Ortigara; do Planejamento, Guto Silva; da Saúde, Beto Preto; o diretor-presidente do DER, Fernando Furiatti; o diretor-presidente da Invest Paraná, Eduardo Bekin; os deputados estaduais Alexandre Curi, Marcelo Rangel, Tiago Amaral, Adriano José e Do Carmo.